Alterações do sono podem gerar comprometimento cardiovascular

Alterações do sono podem gerar comprometimento cardiovascular

Uma noite mal dormida tem consequências que acompanham a pessoa durante todo o dia seguinte: sonolência, irritabilidade, comprometimento da capacidade de concentração, entre outros incômodos. Quando a má-qualidade do sono é uma constante, as implicações podem ser muito mais sérias, influenciando diretamente na incidência de outras doenças potencialmente fatais como o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral.

Diversos estudos associam, por exemplo, a apneia obstrutiva do sono ao comprometimento das funções cardiovasculares. Hoje, esse é considerado um fator de risco independente para o surgimento de hipertensão arterial ou para o agravamento da condição. A apneia é uma alteração e caracteriza-se por situações em que a pessoa fica mais de dez segundos sem respirar enquanto está dormindo. Durante esses episódios, principalmente na vigência de dessaturações de oxigênio (período no qual a quantidade de Oxigênio no sangue cai pelo menos 3%), ocorre aumento no trabalho cardíaco para manter o nível de oxigênio adequado para o próprio coração e para o cérebro. Neste momento há aumento na adrenalina circulante, ocasionando elevação da frequência cardíaca e da pressão arterial.

As arritmias cardíacas (quando o coração aumenta a sua frequência – taquicardia –, ou diminui – bradicardia) também podem surgir durante os episódios de apneia. Além disso, pode ocorrer inconstância nos seus batimentos, ocasionando a diminuição de oxigênio para os tecidos, o que exige maior trabalho do coração, além de aumentar a produção de adrenalina na circulação.

Um importante estudo, realizado pela Mayo Clinic Sleep Disorders Center, nos Estados Unidos, confirma o risco elevado de morte súbita por doença cardíaca em paciente com apneia do sono. Considerando-se que o infarto e o AVC são as principais causas de morte atualmente no Brasil, a prevenção de seus fatores de risco como a hipertensão, o tabagismo, o diabetes, o aumento no colesterol e a apneia do sono, entre outros, é fundamental para o aumento na sobrevida dos pacientes.

A hipertensão pode ser curada apenas com o tratamento da apneia do sono, e a fibrilação atrial (arritmia) pode desaparecer com o tratamento adequado desse distúrbio do sono. Uma das formas para diagnosticar os distúrbios do sono, entre elas a apneia obstrutiva, é por meio do exame chamado polissonografia, realizado enquanto a pessoa dorme, identificando o grau de ocorrência de alterações. Confirmado esse diagnóstico, é possível apontar a forma de tratamento mais adequada – muitos casos exigem que o paciente utilize um aparelho chamado CPAP. A utilização deste aparelho normaliza o fluxo de ar para os pulmões, oxigenando adequadamente os tecidos e reduzindo o risco de AVC e infarto agudo do miocárdio, além de proporcionar benefícios imediatos como o desaparecimento do ronco e a redução significativa do cansaço e da hipersonolência diurnos.